Olhos Que Falam

Este é um espaço virtual onde compartilho minhas idéias, experiências, vivências e impressões sobre a vida e o meu cotidiano. Sejam bem-vindos a ele e... comentem bastante!

PS: Para aqueles que acham chato visitar um blog de alguém que não conhecem:
- Prazer, meu nome é Sodré, Silvio Sodré.

sexta-feira, setembro 18, 2020

O Pintor

Em uma oficina, um velho pintor estava próximo de terminar a sua obra. Ele passara os últimos dias retratando em uma tela todos os seus amigos. Ao fim da noite, já bastante cansado, ele contemplou seu trabalho e percebeu, com um pequeno dissabor, um detalhe que lhe escapara durante a execução da pintura: todos os seus amigos estavam tristes no quadro. Exausto, saiu de sua oficina ainda mais entristecido do que a representação de seus amigos.

No dia seguinte, ao chegar para finalizar sua arte, ele notou, com surpresa, que seu quadro havia sido modificado. Quem devia ter feito isso? Num átimo, pensou em ligar para a polícia. Alguém havia invadido seu ateliê e cometido o crime de adulterar sua obra. Mas se deteve... 

De fato, seu quadro tinha ficado mais bonito. Concluiu com convicção que seu filho, também pintor, tinha entrado em sua oficina e mudado sua pintura. Percebeu que seus amigos agora estavam rindo, alegres. Deu-se conta de que havia um novo detalhe em sua tela. Um detalhe que fez com que tudo ganhasse sentido, seu trabalho, a tristeza anterior nos rostos dos amigos pintados, a adulteração de seu quadro e mesmo seus sentimentos em relação à própria vida. Junto aos seus sorridentes amigos, viu também no quadro sua imagem... sorrindo. E sorriu também!

domingo, dezembro 31, 2017

Sobre a vaidade...

Se em cada coisa que fizer quiser deixar sua pegada, lembre-se de que isso lhe forçará a ficar sempre perto do chão.

quinta-feira, dezembro 29, 2016

Boas Resoluções Para o Novo Ano

Sempre temos a ilusão de que podemos fazer mal a alguém e de que aquele alguém irá receber todo o mal que lhe "fizermos". Isso nunca é verdade. Todo mal e bem que fazemos será sempre a nós mesmos. Aos outros somente acontecerá aquilo que for melhor para o seu adiantamento e sua felicidade.

Ou seja, tudo o que nos é externo é o que nos faz feliz; nossa infelicidade vem apenas das escolhas equivocadas que fazemos, entre as quais, o mal que pretendemos fazer ao próximo. Se o que nos faz bem é o que nos é exterior, por que ainda nos isolamos em processos individualistas como o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a ganância, a avareza?

Que em 2017, possamos nos abrir mais ao mundo e que façamos sempre o bem ao que nos é externo. Esse é o único caminho para a nossa real felicidade interior.

segunda-feira, março 09, 2015

Contabilizando a Dor

Se A pensa em fazer B sofrer, deve se lembrar de que apenas uma parcela dessa dor será percebida por B; aquela necessária para o adiantamento espiritual deste rumo à sua felicidade. Contudo, a integralidade dessa dor será contabilizada nos débitos de A.

sábado, março 22, 2014

Minha iniciação na Música Espírita

Sendo espírita e músico amador desde os meus treze e catorze anos, é, pelo menos, curioso o fato de só ter começado a trabalhar com Música Espírita com quase 40 anos. O fato é que o espiritismo que eu conhecia até os 18 anos era, para a teoria, o estudo dos livros espíritas e, para a prática, o da aplicação diuturna dos conceitos de reforma íntima e da caridade. Meus pais, mais interessados em nossa formação moral cristã do que em sectarismos religiosos, nunca deram a mim ou a meus irmãos um direcionamento para essa ou aquela religião. Devíamos respeitar todas como partes legítimas de uma mesma Verdade.

Havia tentado, por várias vezes, fazer catecismo na igreja ao lado da vila em que morava e assistia, vez por outra, cultos evangélicos na televisão. Tentava ler livros sobre parapsicologia e projeção astral. Quando eu tinha treze anos, meu pai, vendo minha curiosidade por assuntos metafísicos, conversou comigo sobre o mundo dos espíritos. Descobri, pelas palavras dele, que ele e minha mãe eram espíritas; ele, Kardecista e ela, umbandista. Descobri depois que não existe o conceito espírita umbandista, pois o Espiritismo havia nascido na França com Kardec. Espiritismo é Espiritismo; Umbanda é Umbanda. Creio que o meu pai tenha explicado desta forma, em sinal de respeito à crença dela e para mostrar que minha mãe e ele pensavam bem parecido.

Durante parte da adolescência, assisti a reuniões mediúnicas semanais que o meu pai dirigia e era também o doutrinador. O grupo era bem pequeno: meu pai, minha avó, meus três tios (que eram os médiuns) e eu. Meu pai foi muito corajoso em me permitir fazer parte delas. Algumas raras vezes, minha mãe, que era médium no centro de umbanda Caminheiros da Verdade, ia nas reuniões do meu pai, pois médium é médium em qualquer parte. Algumas sessões eram bem agitadas, outras nem tanto. À algumas delas, bem raras também, o espírito de meu avô comparecia. Aprendi nas reuniões a ver o sofrimento espiritual e o nosso dever em ajudar os outros também no outro lado da vida.

No final de minha adolescência, meu tio adoeceu gravemente e ele e minha tia tiveram que parar de ir às reuniões. Elas então foram rareando e, após décadas ininterruptas de atividade, as reuniões foram descontinuadas. Por 25 anos, meu pai as dirigiu, continuando o trabalho de meu avô, que as presidiu também por um bom tempo.

A partir dos 18 anos, tentei me a adaptar, sem sucesso, a outras casas espíritas. Sem o ambiente amoroso das reuniões conduzidas pelo meu pai, achava esses centros muito impessoais e pouco acolhedores. Em alguns, fiquei por mais tempo e lembro que tocava em algumas festividades ou na evangelização infantil. Não sabia nada de música espírita; logo, tocava as canções de MPB que conhecia e aquelas, cuja a cifra alguém trazia. Como era muito jovem e priorizava outras atividades (estudo acadêmico, o trabalho-sustento e, sobretudo, a música), acabei não encontrando tempo para participar de casas espíritas. Enquanto isso, continuava lendo e estudando sobre o espiritismo por conta própria.

Com 29 anos, fiquei sabendo que a peça "Há 2000 Anos" sobre o livro homônimo de Emmanuel estava para ser encenada em um teatro próximo de casa. Já tinha lido o livro e me emocionado com ele dez anos antes. Fui assistir a montagem e, quando ela terminou, corri até o camarim para conhecer o elenco e acabei me voluntariando para participar da peça do jeito que pudesse. O diretor teatral me acolheu e acabei fazendo alguns personagens que entravam mudos e saíam calados (guarda n°2, espírito de luz n°3 e espírito trevoso n°5). Fazia também o senador Pompílio Crasso, que morria em cena e só tinha duas falas: (- Nããããooo!!! e depois - Ahhhh!!!). Fiquei dois anos e meio encenando essa peça. Durante esse tempo, entraram no grupo alguns atores que sabiam cantar. Foi então que me colocaram para tocar violão na peça, além dos quatro personagens que eu fazia.

Em 2004, aos 34 anos, ouvi falar pela primeira vez em músicas espíritas. Quem me falou, procurou cantar algumas a capella. Não gostei de nenhuma e desdenhei da Música Espírita, dizendo, na época, que música e espiritismo não combinam. Eram dois movimentos contrários. Música é expressão, é exteriorizar os sentimentos. Espiritismo é introspecção e estudo. Não podiam combinar... Não podia estar tão errado.

Em 2005, conheci o amigo Aldo Trazzi Jr através de um anúncio no site "Forme a Sua Banda". Naquela época, pretendia formar uma banda inspirada em 14 Bis, Roupa Nova e Rádio-Taxi. Na mesma conversa inicial, Aldo me disse que tinha uma banda espírita chamada Nova Luz. Fiquei interessado no assunto e ouvi algumas músicas da banda dele e também do GAN (Grupo Arte Nascente) de Goiânia. Naquele momento, queria muito fazer parte de uma banda espírita; contudo, minha motivação era mais musical do que religiosa e eu ainda era muito descrente da relação entre Música e Espiritismo. O tempo passou e com ele, fui recebendo várias propostas de trabalho com música espírita. Sendo paulatinamente arrastado para esse novo campo de trabalho voluntário, aos poucos, percebi a beleza de se utilizar a música para fazer e divulgar o bem.

Tudo o que escrevi acima foi para mostrar como, sendo espírita, fiquei tanto tempo sem conhecer Música Espírita, Mocidade Espírita, COMEERJ, Concafras, etc. Nunca gostei de Carnaval e, com certeza, teria curtido bastante esses encontros fraternos. Infelizmente, passei bem ao largo disso tudo.

sexta-feira, novembro 22, 2013

Investindo no futuro

Dinheiro, saúde, beleza e mesmo a inteligência e a lucidez, são recursos temporários. Se você os tem, tenha certeza, um dia, não os terá mais. Pode levar 30, 50, 70, 150 anos, mas tudo o que achamos possuir nos será tirado um dia, pois na verdade tudo é de Deus; nós somos apenas meros curadores. Sendo assim, nada nos é garantido. Nada. O que fazer então para se ter uma existência relativamente feliz no futuro?

Uns investem nos seus filhos, fazendo com que estudem e tenham um bom emprego. Outros, mais inteligentes, incentivam os seus filhos para que, além de estudarem, sejam pessoas de bem, honestas e, principalmente, caridosas. Porém, todo esse investimento não garante o nosso bem-estar na velhice nem alcança os acontecimentos após a morte do corpo físico. Novamente a pergunta: o que fazer para esperar um futuro tranquilo?

No meu entender, a resposta a essa pergunta é "perfumar o mundo", ou seja, torná-lo um pouco melhor a cada dia. Isso pode soar algo pretensioso, mas se compreendermos o poder transformador dos bons exemplos, entenderemos que podemos sim mudar o mundo em que vivemos para melhor. Como disse, nada me é garantido no futuro. Não sei se reencarnarei entre os descendentes do meu filho, mas é certo que, ao melhorar o mundo (mesmo que só um pouco) promovendo o bem e a caridade, aumentam-se as probabilidades de eu ser recebido em um lar amoroso. Está aí então, um excelente investimento para o futuro, no qual vale a pena empregar sabiamente dinheiro, saúde, carisma e inteligência.

segunda-feira, novembro 19, 2012

Artista Espírita ou Espírita Artista?

Certa vez me perguntaram: "Você é um artista espírita ou um espírita astista?". Sou, com muito prazer, um espírita artista. Não me defino pela arte. Arte é apenas algo que sai de mim, como o meu suor, o meu cheiro. Se pudesse escolher uma palavra que me defina, gostaria que fosse caridade, mansidão, trabalho. É por elas que eu gostaria de ser lembrado.

Penso ser muito maior do que a arte que sai de mim - até porque a arte que sai de mim é realmente uma pequena parte da arte que é vista sair de mim. Sou maior, porque sou um ser humano. E como qualquer ser humano, sou um poço de experiências, sentimentos e habilidades, das quais a arte é uma pequena parte. A arte, como qualquer outra habilidade, é apenas um mero recurso que Deus me permitiu desenvolver (ao longo de algumas encarnações) e que devo utilizar para conquistar habilidades e recursos muito mais importantes como a paciência, a mansidão, a vontade de ajudar, a capacidade de perdoar, o desprendimento, a humildade, a disposição ao trabalho, e a mais importante de todas: a capacidade de amar o próximo, a caridade.

Não estou desvalorizando a arte, que acredito ter o poder de alterar o padrão vibracional do espírito, aproximando-o de zonas mais ou menos elevadas, e que pode ser usada para fins claramente positivos (educação, motivação, terapia, etc). Principalmente, não desmereço a arte que nos enleva e nos aproxima de Deus, e que é a forma de comunicação por excelência nos planos angélicos. Apenas quero enfatizar a arte como ferramenta de trabalho para o aperfeiçoamento de nós mesmos. Portanto, ela não me define nem me sobrepuja. Pensar assim, retira da arte o messianismo e o glamour, que a verdadeira arte não faz questão em ter. Pensar no caráter proletário da arte, me protege da ilusão da vaidade e me orienta a utilizá-la da melhor forma para o bem de todos, para o meu bem.